ESG e impacto: qual é a relação?

Foto de Noah Buscher na Unsplash

ESG e impacto: qual é a relação?

A Guarda Chuva trabalha com educação para o impacto e nosso próximo curso será sobre ESG. A pergunta que poderá ser feita é: por que ESG? O que isso, seja o que for, tem a ver com Impacto, com Negócios de Impacto ou ainda com Negócios Sociais?

Assim, vamos olhar para essa sigla tão presente nas mídias, pesquisas e propagandas, destacando principalmente seu potencial de impactar positivamente a sociedade como um todo.

Afinal, o que é ESG? É mais uma “onda”? Mais uma modinha? No que é diferente de sustentabilidade? Eu costumo brincar e dizer que colocaram fraque e cartola na sustentabilidade, a levaram para a escola de inglês e a renomearam de ESG.

ESG é a abreviatura que engloba as questões ambientais (E de environmental), sociais (S de social) e de governança (G de governance). Na prática, o termo representa os pilares básicos da sustentabilidade (principalmente se entendermos que os aspectos econômicos fazem parte da governança). Os benefícios do ESG dizem respeito à orientação das práticas das empresas em áreas que muitos investidores, consumidores e profissionais consideram ao fazer suas escolhas no direcionamento de investimentos, de compras e de locais de trabalho.

A sigla deve orientar as práticas ambientais, sociais e de governança, e ganhou visibilidade a partir de 2004 com a publicação do Pacto Global (PWC), elaborado em parceria com o Banco Mundial. Sua proposta está totalmente alinhada com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciativa da ONU e outras instituições internacionais que veio para incentivar melhorias tão necessárias nos campos social e ambiental.

E - Environmental

A primeira letra, o E (environmental), refere-se ao ambiental, que traduzido para o português algumas vezes é substituída pela letra A. Os impactos negativos do aquecimento global são os que mais frequentemente associam-se ao E do ESG e, portanto, tem concentrado esforços das empresas no sentido de reduzir emissões de carbono, tornando sua matriz energética mais sustentável. No entanto, há inúmeros outros aspectos que merecem ser tratados para que impactos negativos sejam revertidos em positivos: redução de riscos ambientais em geral, uso sustentável dos recursos naturais, substituição de recursos não renováveis, uso de tecnologias verdes, redução e encaminhamento correto de resíduos, tratamento de efluentes líquidos.

A melhoria da eficiência energética e operacional, a redução de custos ao gerenciar riscos são dois fatores percebidos como importantes impactos positivos decorrentes da adoção de ESG na estratégia dos negócios o que, por sua vez, gera novas oportunidades de investimentos devido ao aumento da confiança dos investidores. Outro ganho para a empresa é a criação de diferencial competitivo.

S - Social

As mazelas sociais mundiais também são muitas, pois convivemos com concentração de renda, ao lado de pobreza extrema, fome, pobreza, falta de acesso a saneamento, educação e saúde, para citar algumas delas.

Qual a contribuição que o ESG pode trazer para minimizar tais impactos negativos? No campo do trabalho, profissionais de quaisquer áreas desejam trabalhar em locais com valores sociais que os representem, onde eles tenham garantias de igualdade de direitos, condições de trabalho justas em termos de respeito, salários justos independente de gênero, etnia, idade, raça e orientação sexual. Essas práticas resultam em impactos positivos tanto para os trabalhadores quanto para as empresas, uma vez que atrai melhores talentos e, ao oferecer condições de trabalho dignas, reduz a rotatividade dos profissionais.

O impacto social positivo das empresas que adotam o ESG de forma séria e comprometida, pode ser ampliado quando ultrapassa os muros da organização. É importante manter um bom relacionamento com a comunidade da região onde a empresa está inserida, identificar necessidades locais e proporcionar oportunidades de geração de renda e desenvolvimento local. Uma das formas efetivas disso acontecer é pelo incentivo ao empreendedorismo social via transferência de conhecimentos técnicos, estímulo ao trabalho voluntário dos colaboradores e investimento social privado. Dessa forma os impactos sociais positivos serão indiscutíveis.

Ademais, existem muitas iniciativas que necessitam de apoio financeiro ou mesmo da experiência de gestão para dar continuidade às suas ações sociais. Alguns exemplos podem ser citados: Organizações da Sociedade Civil dedicadas a inúmeras causas sociais (fome, educação, cultura, saúde), Fundos Patrimoniais Filantrópicos que administram e preservam patrimônios doados que são direcionados a causas de interesse público.

Outro exemplo de apoio que gera impacto positivo é o direcionamento de recursos financeiros de empresários aos Negócios de Impacto através de Sociedades de Capital de Risco, Fundos de Investimentos de Impacto, Investimentos Anjo, Fundos de Capital Semente, todos maximizando oportunidades de viabilização de bons resultados para todos.

G - Governança

Atualmente há um exemplo circulando muito na mídia, de um caso que é um exemplo do que não é uma boa governança, e o quanto houve de geração de impactos negativos principalmente para fornecedores, acionistas e consumidores.

A Governança Corporativa se traduz pelo conjunto de práticas e processos de gestão ética, transparente, responsável e sustentável, que busca maximizar ganhos para todos os acionistas e demais stakeholders. Nesse modelo de gestão a definição de papéis e responsabilidades é transparente, assim como deve ser a divulgação das informações sobre resultados financeiros e operacionais, a prestação de contas da administração não apenas para acionistas, mas para o público em geral. A governança corporativa se reflete, portanto, na adoção de padrões éticos e de integridade nas práticas empresariais.

Quanto mais o ESG se incorpora à estratégia central da gestão de um negócio, mais transparente será a governança e maior será o fortalecimento da reputação, maior será a confiança de clientes, fornecedores, colaboradores e investidores. Garantirá ainda: políticas bem projetadas de remuneração de executivos e de prevenção de práticas ilegais, como fraude e suborno (compliance); práticas contábeis transparentes e oportunidade ampla de voto aos acionistas em temas importantes.

Para finalizar esse começo da nossa conversa a respeito de ESG

ESG não parece que vem apenas como descarbonização ou metas de curto prazo para responder à pressão de investidores externos, nem tampouco para mitigação de riscos ou iniciativas isoladas pouco transformadoras de curto prazo. Assim como a sustentabilidade, o ESG é um processo que tem um grande potencial de levar a sociedade como um todo a ampliar a igualdade e justiça social, o equilíbrio ambiental, mais transparência, ética e consciência no mundo dos negócios. O desafio é transformar o potencial em ações que concretizem resultados verdadeiros e duradouros.

Faz parte do desafio ampliar a percepção dos benefícios do ESG, tanto para empresas, quanto para o ambiente e a sociedade como um todo. Que o ESG possa ser percebido como sendo viável para médias e pequenas empresas. Estas podem buscar exemplos nas práticas ESG já adotadas, buscar parcerias principalmente com startups e empreendimentos de impacto para o compartilhamento de experiências, de tecnologias inovadoras.

Todas elas, pequenas e médias empresas, startups, empreendimentos de impacto podem ser cada vez mais importantes como fornecedores de serviço e produtos para grandes empresas que reconhecem a importância desse tipo de parceria de negócios como ganho de reputação e para a sustentabilidade dos negócios de ambos os lados. São práticas típicas do capitalismo de stakeholder que se caracterizam pelos resultados ganha-ganha.

Os negócios de impacto por sua vez, já têm em seu DNA, o diferencial de gerar impacto positivo, já nascem com o propósito de resolver problemas sociais e/ou ambientais, e é disso que ESG está tratando.